Tudo começava com a tosquia das
ovelhas, tarefa executada durante os meses de Abril e
Maio. As ovelhas eram apanhadas à mão por um prenador,
atadas as patas com uma corda, começando a ser
tosquiadas com uma tesoura própria.
Tosquiava-se da goela até à
espada, virava-se do outro lado e fazia-se a mesma
operação. Para tosquiar a barriga, era preciso pegar na
ovelha ao colo. De seguida, a ovelha era despiolhada.
A operação seguinte, era feita
desta maneira:
A lã era lavada na ribeira.
Primeiro, num fogo que se fazia na margem da ribeira,
punha-se um tacho com água a ferver pare escaldar a lã.
De seguida metia-se num cesto de canas, bandeando-se
dentro da água da ribeira, até sair toda a goma da lã.
Era posta a secar sobre as
pedras da ribeira ou juncos e, depois de seca, era batida
com um pau de loendro, operação que tinha por nome,
varejar.
Depois de varejada, cremeava-se
com a mão, pare ficar em postinhas. Azeitava-se com
azeite e punha-se às camadas de azeite e lã,
enrolava-se tudo e deitava-se para uma canastra, deixando
repousar por uns tempos.
Passado algum tempo, a lã tinha
de ser cardada por um homem chamado cardador, com um
instrumento feito de madeira e pregos. Ficava então em
arrateis de meio quilo, indo para a fiadeira onde os fios
eram depois enrolados em maçarocas. Seguidamente, ia ao
sarilho.
Para fazer os novelos, fazia-se
uma sabonária, onde se lavavam as meadas, que depois de
enxaguadas e secas nas pedras da ribeira, iam à
dobadoura, ficando de novo em meadas e depois em novelos.
Estava pronta a lã, para ir ao tear.
Quando eu for mais velhinha
À porta me hei-de sentar
Só para poder ouvir
As pancadas do tear.
Esta quadra, feita pela D.
Senhorinha, demonstra bem o gosto que as artesãs e
artesãos que trabalham com os teares, adquirem ao longo
dos anos, e a satisfação com que observam os novelos de
lã ou linho, transformarem-se em lindas peças de
qualidade reconhecida.
São conhecidas e famosas hoje
em dia, as mantas de pastor, feitas em Almodôvar, as
quais já foram premiadas, tanto a nível nacional, como
internacional e consideradas como peças importantes do
artesanato e imprescindíveis em qualquer roteiro.
De salientar ainda, o papel
desempenhado pela Associação Cultural e Desportiva da
Juventude Almodovarense, no que se refere à defesa e
preservação do Artesanato no concelho de Almodôvar,
sempre presente em inúmeras feiras de artesanato, que
nacionais, quer internacionais.
Tem sido através desta
Associação, que os nossos produtos artesanais se têm
tornado conhecidos por todo o pais e estrangeiro fazendo
com que à Juventude Almodovarense, lhe seja conferido o
papel da entidade mais representativa do Artesanato
tradicional do concelho de Almodôvar.
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