Almodôvar, terra
de Sapateiros entre os anos 1940 e 1970.
Almodôvar era a terra ao sul do País com maior
indústria de calçado manual.
Nessa altura difícil, formou-se um sindicato
dos sapateiros que, embora pouco democrático,
funcionava. Era a terra do Distrito de Beja com maior
número de sapateiros, por volta de 200.
Vamos tentar dar uma ideia de como se vivia
nessa altura, fazendo uma recolha dos industriais e
oficinas da época. Todos os nomes citados são ainda bem
conhecidos dos poucos mestres que vivem em Almodôvar.
Nesse período faziam-se feiras por todo o Alentejo, os
sapatos e botas de Almodôvar tinham fama, pois em
qualquer feira havia uma rua só com os sapateiros do
nosso concelho a que chamavam rua de Almodôvar.
Vamos aqui descrever a relação dos mestres
e oficinas que funcionavam na sede do concelho.
- Oficina de Manuel Malaquias Brunheira,
talvez o maior de todos, em que trabalharam mestres como:
Francisco Teixeiro (Chico da Aldeia), Manuel Pelintra,
Francisco Latoeiro, Chico Venâncio, Alfredo Pepe,
Vergílio da Conceição, Elídio Borla, Francisco
Figueira, Luís Guerreiro, Eliziário Chapa, Manuel
Lourenço, José Varela.
- Oficina de Mateus da Costa Saleiro e os
seus cinco filhos onde trabalharam mestres como: o irmão
José Moreno e seu sobrinho António Moreno que ainda
está vivo.
- Oficina de José Mestre Aío e seus seis
filhos e ainda mestres como António Saleiro pai e filho,
Joaquim Chouriça e José Luís Saleiro (ainda vivo).
- Oficina de José Guerreiro da Costa Pai e
três filhos com mestres como Amadeu Borreguinho, Joaquim
Portugal e filho, José Espirito Santo e Tio Silveira.
- Oficina de José Martins pai e filho com os
mestres José Barreludo, João Albertina, Celestino dos
Barros, Tio João Loures, João Papesseco, João
Fernambuco, Américo Surdo, Tio Ribeiro, Zezinho
Caixeiro, e Isildo Bota.
- Oficina de Jacinto Sebastião e filho com
os mestres Augusto Balbina, Manuel Francisco e Júlio
Balbina.
- Oficina de Carlos da Silva Júlio e os
mestres Tio João Gemena, Manuel dos Barros, José Palma,
Tio Maximino, Mestre Lino, Chico Pequenino, José
Ameixinha e João Albertina.
- Oficina de José Eduardo Coelho com o Tio
José Romão e filho, Joaquim da Mota, Anastacinho, Tio
Luciano, Tio João Bibi, Tio João Gemena, Domingos
Torpes.
- Oficina de José Serrano Pai e filhos, com
Augusto Pé de Ferro e António Pateira.
- Oficina de Aurélio de Sousa Aio com
Joaquim Bibi, Manuel Anica, Celestino dos Barros, Manuel
Camacho, Chico Camões e João Camões.
- Oficina de Francisco Mateus com António
Eduardo Espírito Santo, Manuel dos Barros, Joaquim Bibi
e Manuel Benfica.
- Oficina de António da Silva Júlio Louro
com Chico Pequenino, António Domingos, António Camacho,
Luisinho da Escondidinha, José Ameixinha, António
Eduardo, José Maria, Augusto Guerreiro, Joaquim Bibi e
Chico Coluna.
- Oficina de Manuel Lourenço e filhos com
Domingos Torpes, Ilidio Borla, Augusto Messias, António
Chapa, António Quinta, Isidro Abel, Salvador e António
Moreno.
Alguns mestres trabalhavam nos montes do
concelho e tinham que se deslocar às casas dos
lavradores mesmo às dos menos abastados para prestar
serviço de lavoura cozendo albardas, cabrestos, atafás,
coleiras e barrigueiras. Muitas vezes dormiam nos montes
onde a maior parte do tempo comiam sopas de toucinho,
(curioso que a talhada maior era para o sr. Mestre
Sapateiro para este ter força para puxar a linha de 10
fios de linho pesgada com pés louro). Quando vinham
dormir a casa tinha-se por hábito dar um pão de ceia
que fazia muita falta nos tempos da miséria para dar de
comer aos filhos. Para ganharem o pão de ceia tinham que
caminhar 10 quilómetros.
Damos o exemplo de alguns montes onde os
mestres prestavam serviço: Monte Beato. Monte Mingas,
Monte Nabo, Monte da Onçada, Monte Pilarte, Sarilhos,
Monte dos Vales, Brunheira, Cançados, etc...
José Ameixinha
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